João Rodrigues Tçuzu
Janeiro 25, 2021
CSH Sernancelhe
João Rodrigues Tçuzu, o intérprete, o religioso, o político, o escritor – do mistério ao reconhecimento
João Rodrigues é o primeiro nome Sernancelhense a destacar-se enquanto escritor, intérprete, missionário e homem de negócios. Atrevo-me a dizer mesmo, o primeiro grande escritor Sernancelhense.
Nasceu em Sernancelhe, em pleno coração da Beira onde a castanha é rainha e o granito é rei, decorria o ano de 1561 ou 1562 numa família modesta. A sua infância foi passada no anonimato, pouco se sabendo como viveu ou desfrutou desse tempo. Possivelmente, como todas as outras crianças que ocupavam o tempo entre brincadeiras e na ajuda aos pais.
Sabe-se que com 12 ou 13 anos embarcou num dos navios que anualmente partiam da capital rumo ao Oriente. Entre funcionários civis, militares, mercadores e religiosos, João Rodrigues poderá ter embarcado enquanto ajudante de um mercador português ou em algum grupo de padres jesuítas.
Em 1577 chega ao Japão enquanto ajudante de um mercador e estabelece-se no Japão. Em 1580, com cerca de 18 anos, junta-se aos jesuítas, iniciando uma formação humanística e teológica. Também aprendeu a língua nipónica falada e escrita que foi dominando aos poucos. Em 1596 é ordenado sacerdote em Macau.
Regressa ao Japão e os seus serviços linguísticos são constantemente requeridos pelos mercadores portugueses e pelos missionários jesuítas que não se limitavam a ficam junto ao mar, onde os barcos estabeleciam pontes entre o Ocidente e o Oriente. Era tão solicitado que travou conhecimento com poderosos senhores do Japão quer a nível político como a nível social.
Desempenhou um papel fundamental nas atividades missionárias e no desenvolvimento do comércio português em terras nipónicas. A sua importância foi ganhando relevo o que não terá agradado aos mercadores japoneses. Por isso, em 1610 estabelece-se em Macau mas com o crescimento do cristianismo em terras nipónicas que era visto como uma grande ameaça, foram expulsos do arquipélago nipónico em 1614.
João Rodrigues viveu o resto da sua vida em Macau onde se dedicou às atividades religiosas e culturais no colégio dos jesuítas.
Escreveu diversas obras, utilizando uma linguagem que até parece rudimentar ou pouco trabalhada mas apenas viu dois dos seus livros publicados em vida:
- a Arte da Língua do Japão, a grande gramática do idioma nipónico;
- a Arte Breve da Língua do Japão.
Morreu em 1633 em Macau e encontra-se sepultado na Igreja de São Paulo naquela cidade.
MR